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A mensagem dos sicômoros​

Sl 85.8-13; Am 7.7-15; Ef 1.3-14; Mc 6.14-29

“Amós respondeu: Não sou profeta por profissão; não ganho a vida profetizando. Sou pastor de ovelhas e também cuido de figueiras” (Am 7.14)


Campo de soja

Essas palavras na interpretação de São Basílio mostram a imagem e a pretensão do cristianismo.

“...cuido de figueiras” – ou seja, sou entalhador de sicômoros. Amós diz que cuidava de figueira-doida, uma espécie de figo inferior, cultivada no Oriente Médio, bem como na África há milênios. Aparece algumas vezes na Bíblia (1Rs 10.27; 1Cr 27.28; 2Cr 1.15; 9.27; Sl 78.47; Is 9.10; Am 7.14; Lc 19.4).


O sicômoro é uma árvore que produz frutos sem sabor, por isso, é preciso que seja feita uma incisão para sair o suco e assim transformar o fruto sem sabor em um fruto comestível. Quando Amós responde “...cuido de figueiras” está dizendo que é um furador de sicômoros, é um especialista em tornar agradável o que é desagradável.


O costume de riscar e furar os figos da figueira-brava era bem conhecido no Egito e em Chipre desde os tempos antigos. Esse costume não existe mais no Israel atual porque outras variedades de figo são cultivadas no país. Mas era praticado pelos israelitas nos dias de Amós. Isso porque os sicômoros cultivados em Israel procediam das variedades do Egito. Furar os figos fazia com que a água fosse absorvida e os figos se tornassem suculentos. O furo ou o risco aumentava a produção de gás etileno, que acelerava o amadurecimento, resultando em frutos maiores e doces. Dessa maneira as vespas não estragavam as frutas, pois elas amadureciam rapidamente. Sem o furo ou o risco, o figo continuava sendo o que era, imprestável.


Não se pode forçar o texto a dizer o que não diz, mas, acredito que essa informação é importante. Pois, mesmo não sendo um profeta de profissão, Amós trouxe da sua profissão uma mensagem urgente e necessária para o povo.


A tarefa dada por Deus à Amós foi dificílima. Ele foi enviado do sul (Judá, onde o reinado era de Uzias) para o Norte (Israel, reinado de Jeroboão II). A mensagem de Deus através de Amós que alertava o povo parecia ridícula. A nação estava forte e vigorosa.

A mensagem de Deus pelo seu profeta foi perturbadora, mas rejeitada pela elite e pelos líderes religiosos. Tanto que Amazias recomendou Amós voltar para sua terra e não mais profetizar em Israel (Am 7.10-13). Diante desse apelo, “Amós respondeu: Não sou profeta por profissão; não ganho a vida profetizando. Sou pastor de ovelhas e também cuido de figueiras” (Am 7.14). E continuou: “Mas o Senhor Deus mandou que eu deixasse os meus rebanhos e viesse anunciar a sua mensagem ao povo de Israel. Portanto, escute a mensagem de Deus, o Senhor. Você, Amazias, diz que eu não devo continuar profetizando contra o povo de Israel. Mas o Senhor diz a você:


"A sua mulher virará prostituta aqui na cidade, e os seus filhos e as suas filhas morrerão na guerra. O seus país será dividido entre outros países, e você morrerá numa terra pagã. E o povo de Israel vai ser levado como prisioneiro para fora da sua terra” (Am 7.15-17).

O problema não estava na mensagem de Deus através de Amós. O fato era que a segurança econômica e política estava favorecendo apenas os empresários e o governo e isso não deveria ser denunciado. O povo sustentava a prosperidade recebendo como pagamento a injustiça social e a escravidão. O resultado foi a miséria do povo (2Rs 14.26; Am 2.6; 8.6). (Qualquer semelhança com nossos dias é mera coincidência).


Outros dois profetas, contemporâneos de Amós também anunciavam a mensagem de Deus (Miquéias e Oséias). Diferentemente desses dois, Amós não foi criado para ser um profeta. Era um homem do dia-a-dia que enviado por Deus, proclamou uma mensagem. E que mensagem! A mensagem dos sicômoros. A nação precisava ser ferida em sua vaidade e corrupção. Eles estavam ficando ricos em detrimento da injustiça social e da escravidão.



A mensagem dos sicômoros para Brasil.


A corrupção no Brasil está tão generalizada que o honesto é tratado como idiota. Os valores cristãos estão em cheque a ponto de serem tratados como conservadores e são ignorados.

Se deixarmos ao nosso bel prazer seremos apenas sicômoros sem sabor e sem serventia, pois somos de natureza pecaminosa e gostamos daquilo que Deus não gosta.


Precisamos da mensagem dos sicômoros, ou seja, precisamos ser furados e riscados pela Palavra de Deus,


“Pois a palavra de Deus é viva e poderosa e corta mais do que qualquer espada afiada dos dois lados. Ela vai até o lugar mais fundo da alma e do espírito, vai até o íntimo das pessoas e julga os desejos e pensamentos do coração delas” (Hb 4.12).

Mesmo com a Palavra de Deus não deixaremos de ser sicômoros, mas seremos agradáveis.



A mensagem dos sicômoros para as igrejas evangélicas.


Amós era a voz de Deus em meio à prosperidade que escondia o pecado. João Batista era a voz de Deus no deserto que condenava o pecado no palácio e no Templo. No entanto, a Amós foi recomendado voltar para casa, e João Batista teve sua cabeça cortada.

Ainda hoje, principalmente nós, Igreja Luterana somos acusados de não termos os ditos sinais entre nós. No entanto, vale lembrar que há sim. Quantas pessoas já foram curadas pelas orações! Empregos! Proteção! O problema é que não há marketing que visa o lucro financeiro para isso.


Nossa principal preocupação é ser entalhador de figos, ou seja, transmitir a mensagem do sicômoros. A história apresentada por João Marcos (Mc 6.14-29) relata como o ser humano pecador se aproveita da ocasião para pôr em prática seus planos maléficos e aí daquele que fizer algo para atrapalhar.


Herodias se aproveitou do momento em que o orgulho do rei estava em jogo. Herodes Antipas havia feito uma promessa diante de pessoas poderosas e não poderia deixar de cumpri-la. E para que seu orgulho não ficasse ferido, aceitou o pedido de Herodias que resolveu se livrar de um problema, ou seja, se livrar de João Batista que pregava a necessidade do arrependimento diante do casamento ilegítimo.


Amós condenou a injustiça social e a corrupção, e Amazias, um funcionário do rei, sacerdote em Betel, recomendou a Amós voltar para casa pois sua mensagem atrapalhava a aquisição de riqueza adquirida à custa da escravidão, corrupção e injustiça social.

Falar contra a teologia da prosperidade e da glória é falar contra os charlatões que usam a palavra não para ferir o pecador para que se arrependa. Os charlatões usam a Palavra para ferir a consciência das pessoas e aprisiona-las em seus métodos de usurpação das bênçãos de Deus. E o que isso tem causado a pregação – bem, tem afastado as pessoas de Deus e de sua Palavra.

O mundo, o Brasil, a Igreja, precisa da mensagem de Amós e João Batista, mas não querem dar ouvidos, afinal, a mensagem de Deus pela sua Palavra destrói a pretensão humana. Querer viver como se não houvesse pecado.


O cristianismo contemporâneo com seus pregadores contemporâneos não falam mais de pecado – não querem mais exercer o papel de entalhador de sicômoros. Dessa maneira as pessoas estão vivendo suas vidas como se não existisse pecado. E se não existe pecado, busca-se resolver as coisas nesse mundo com boa vontade pela informação e pela psicologia.


Quando o ser humano se esquece que é pecador e que muitas de suas desgraças são causadas por sua natureza pecaminosa, acaba buscando resolução onde não a encontram. E não a encontram por que o problema do pecado é resolvido apenas num lugar, ou seja, na misericordiosa graça de Deus em Jesus.


Vivemos numa época, conforme Alan Jones, em que tudo é permitido e nada é perdoado. O pecado é ruim, e causa estragos em nossa vida. E diante do pecado, assim como Amós é preciso ser entalhador de sicômoros e convidar o povo:


“Voltem para o Senhor e vocês viverão. Se não voltarem, ele descerá como fogo para destruir o país de Israel, e em Betel ninguém poderá apagar esse fogo” (Am 5.6).

Lembre-se: sem pecado não há necessidade de Jesus.


Deus enviou seu Filho Jesus pelo desejo de salvação ao pecador. E conforme o relato de (Mc 6.6-12) pode-se dizer que Deus, através dos pregadores, continua ensinando e enviando os seus com um só objetivo: anunciar a mensagem do arrependimento.

O pecado precisa ser denunciado. E quando o pecado é denunciado, é por amor que o mesmo é feito. A lei de Deus, a acusação do pecado, visa o arrependimento, o fortalecimento da fé e o perdão. Em outras palavras, a lei de Deus, a acusação do pecado visa tão somente a salvação.


Os pregadores sabem que a pregação da Palavra traz perseguição, sofrimento e até a morte, mas, como enviado de Jesus proclama a mensagem a respeito de Jesus que sofreu e padeceu pelo pecador que persegue, faz sofrer os pregadores e até os leva a morte. No entanto, cada pregação é uma oportunidade! Uma oportunidade para que o pregador aponte os pecados para que os pecadores se arrependam e recebam a vida em Jesus. Amém!

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